500 palavras

Hoje terminei de ler o “Backlash” de Susan Faludi literalmente chorando e, no desespero para tirar da cabeça a triste realidade de que em trinta anos nada, absolutamente nada havia mudado — talvez tivesse até mesmo piorado —, levantei da cama com o firme propósito de fazer alguma coisa de produtivo da minha vida já que mudar o mundo sozinha está fora de questão. Rapidamente passou pela minha cabeça a proposta que tinha feito a mim mesma alguns dias antes de escrever pelo menos quinhentas palavras por dia. Entre trabalho, Twitter, estudo e anotações esparsas, é bem provável que eu escreva muito mais que quinhentas; nas épocas mais tenebrosas em que estava às voltas com a dissertação, em algumas ocasiões, consegui bater a meta diária de três mil palavras diárias.

O real problema desse projeto não se trata do ato de escrever propriamente dito, mas de escrever algo substancioso, com alguma ideia que se pudesse futuramente aproveitar, algo com liga. Ainda que escrever não seja exatamente uma ambição que sirva pra me polir o ego — sou muito mais movida por aprender algo novo do que mostrar o que já sei —, escrever é uma atividade que está entre as minhas atribuições profissionais e acadêmicas. Como disse, eu escrevo todos os dias, e muito menos do que deveria. Eu até mesmo edito texto de pessoas que vivem de escrever! No momento, tenho pelo menos três idéias para artigos acadêmicos rodando em segundo plano em minha mente e a única coisa que realmente me impede de levar esses projetos adiante é a absoluta e inevitável frustração que se abate sobre algumas pessoas que recém concluíram uma fase importante de suas vidas. No meu caso, o mestrado.

Escrever, como qualquer habilidade, não é um talento inato. Exige treino, exige técnica, exige conhecer as fórmulas consagradas pra depois, muito depois, se conseguir expandir o próprio conhecimento. E exige disciplina. E é exatamente aí que está o meu problema. Se melhorar a escrita em qualquer nicho exige exercício, ainda que minha escrita tenha amadurecido muito nos últimos anos eu ainda posso melhorar. Todo mundo pode.*

É por isso então que hoje estou oficialmente tirando a poeira do blog. A partir de hoje vou tentar escrever todos os dias (úteis) sobre qualquer coisa, e pelo menos quinhentas palavras. Acredito que se trata de uma meta razoável e muito mais possível de se cumprir que os trinta quilômetros semanais de caminhada a que me propus há algumas semanas e não consegui porque um dia choveu, no outro tinha compromisso, no outro dormi mal**.

Como, entre texto e notas de rodapé, estou quase batendo a meta, acho melhor ir encerrando por aqui. Espere no futuro mais textos neste blog. Só não espere muita coisa deles.


*Até o Raphael Draccon, cujos escritos me lembram os meus próprios aos doze anos, mas que deu um salto bastante significativo em “Cemitério dos Dragões”, apesar de tudo. Isso também pode ter sido mérito do editor.

**Mas fiz dezesseis quilômetros em dois dias. Não querendo me gabar, mas não é pra qualquer um.

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2 Comments

  1. êêê, que bacana! adoro as coisas que você escreve no twitter. ótimo que resolveu voltar a escrever no blog também!

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