Foi notícia em vários jornais de alcance nacional: ex-colegas de trabalho da Gazeta do Povo foram processados trinta e sete vezes este ano por duas matérias que saíram em fevereiro sobre o salário médio de magistrados em comparação com o teto da categoria. Dizendo-se ofendidos, os magistrados já obrigaram os profissionais a conhecer todo o estado do Paraná, viajando mais de seis mil quilômetros para comparecer às dezenove audiências que já ocorreram, em que a presença deles é compulsória. O conteúdo das ações, segundo matéria da segunda edição do Paraná TV de hoje, dá a entender que os caras apenas copiaram e colaram o texto uns pros outros e entraram na justiça de forma individual, para não parecer (muito) suspeito.
As organizações de imprensa do Brasil e do Paraná já se manifestaram em repúdio, enquanto que as associações dos magistrados e do Ministério Público soltaram notinhas irônicas e debochadas — eu, pelo menos, vi muito deboche em “apenas 2% dos associados entraram com ações” —, dizendo que qualquer um tem direito de processar quem quiser pois este é um direito constitucional. A melhor parte dessa história é que dois dos processados eram meus colegas de baia, e certamente eu estaria envolvida nisso se não tivesse sido demitida do jornal no penúltimo Passaralho, em agosto de 2015.
Na meleca em estamos enterrados até o pescoço desde as eleições passadas, quem vigia os vigilantes se a imprensa está de mãos atadas? E a vingança pra lá de sádica de fazer de bobos em viagens inúteis cinco trabalhadores que, juntos, não devem ganhar o que essa galera dá de mesada para os filhos?
Mudando um pouco de assunto — mas só um pouco —, as redes sociais ferveram na semana passada.O motivo foi a falta de noção e de senso de ridículo de um colunista do Diário do Centro do Mundo, por conta de um texto absurdo, seguido de atitudes ainda mais absurdas do responsável pela conta do jornal [jornal? portal?] no Twitter.
Ou seja: se por um lado não podemos confiar na imprensa por conta da pauperridade com que é feito muito do jornalismo em alguns de seus veículos, por outro é muito melhor com eles que sem. Como disse o Rodrigo:
Se não for pela mídia burguesa, por onde poderemos nos informar sobre acontecimentos além dos que podemos ver com os nossos próprios olhos?
[…] A ideia de “não acreditar na imprensa burguesa” é inevitavelmente ligada a teorias da conspiração. Ela depende da ideia de que alguma agência da burguesia, a CIA ou qualquer outra, pode controlar toda a mídia burguesa por trás dos panos e, ao mesmo tempo, fornecer à burguesia os fatos reais.
Só sei que depois dessa tamancada, o Guilherme vai trocar a bio do Twitter para “o responsável pelo visual gráfico das matérias”.
Falei sobre os perigos de se fazer jornalismo neste blog em outubro do ano passado. Só abobrinha, como de costume.
UPDATE: Atualizando este post apenas para colar o print do post do Galindo no Facebook.
Ainda é liberdade de expressão ou já levo processo por chamar essa CAMBADA DE CUZÃO.
Como se não bastasse N privilégios ainda ficam de coronelismo judicial.