Diz que ontem o Reinaldo Azevedo publicou um texto naquele blog dele e falou não sei o quê do Laerte. Parece que era algo sobre o Laerte mijar em pé ou sentado, não me lembro bem. O Laerte respondeu dizendo que tem tara no Reinaldo, e todo mundo achou genial. Ai, ai, Laerte! Só você, mesmo…
Laerte não nasceu Laerte. Ele se tornou aquilo lá que ele é. Cada vez que ele estremecia arrastando um dedo por uma superfície lisa, ele se tornava um pouquinho mais esse negócio aí. Cada salto em que ele subia, ficava um pouquinho mais perto do objetivo. E aí ele conseguiu esse negócio, que é justamente o tipo de negócio que eu nunca vou conseguir na minha vida toda*.
Laerte estava sendo queer em sua mais autêntica manifestação. O queer, pra quem não sabe, é aquele negócio que foi inventado no início dos anos 90, quando tava todo mundo mais ou menos assim que nem a gente tá hoje: de saco cheio de tanto patinar. Laerte é o cúmulo da obra de arte contemporânea. É pós-moderno até o osso. Ele é a própria obra de arte, e por isso as luzes têm de estar nele. Porque é exatamente isso o que Laerte é, la merde d’artiste.
Interessante pensar nesse cansaço. A gente, que tá aqui na influência do Ocidente, não entende muito bem — principalmente se for de classe média e com curso superior — porque o mundo é assim desse jeito que ele é. Poxa, o mundo de hoje é horrível! O mundo de hoje prometia carro voador e elevador espacial. O mundo de hoje chegou e acontece que a gente ainda tá aqui, brigando com bactéria, porque a vida é exatamente isso: uma grande disputa por energia.
E aí que o Laerte estava no meio dessa disputa por energia — como todos nós — e resolveu que ele precisava de mais. Ele acabou conseguindo, botou um monte de flashes sobre si pra conseguir aquela fotossíntese toda.
Onde eu estava? Ah, sim! No Laerte homenageando Reinaldo Azevedo.
Engraçado quando a gente descobre que alguém tá gamado na gente. Eu acho, pelo menos. Fico muito desconfortável se o negócio não é recíproco, mas teve uma época em que eu achei que tinha que reagir a todo assédio da maneira mais de boinha possível. É um elogio, ora bolas! Você não estava ainda agorinha reclamando que era feia? Tem alguém que gosta de você! Aceita esse cara aí, ó, que é o melhor que você faz.
Reinaldo Azevedo retribuiu. Na tréplica, mandou fotinhas para o Laerte se descabelar. “É o jeitinho dele de mandar nudes”, disse uma amiga que eu não lembro quem é. Olha só que jovenzinho maroto ele era na juventude! Dava mesmo um caldo, não dava?
Dava sim. Tem época em que a gente não pode escolher muito, né?
*Talento artístico. O cara desenha bem pra caramba, não? Você achou que fosse o quê?
Gostei.
Eu acho.
Brilhante. Especialmente o quarto parágrafo.