ENIAC Girl

Me desespero muito quando vejo que estou demorando demais para aprender alguma coisa. Entro em pânico e começo a duvidar da solidez de todo o conhecimento que adquiri até aqui. Como consequência, hesito em botar mais qualquer outro tijolinho nessa obra bamba.

Com programação foi assim comigo, até que muito recentemente — semana passada? — me dei conta de que se eu parar e prestar a atenção devida no conceito sem perder o controle e pirar louca na ansiedade, eu até que aprendo direitinho e relativamente bem rápido. Pode parecer óbvio para a maioria das pessoas, mas para mim tem sido libertador conseguir parar por alguns minutos e só pensar… nisso: o problema abstrato que está diante de mim neste exato momento. Isso é apenas impossível para alguém que tem atenção deficitária, como eu.

Sim, arranjei um novo emprego. Estou fazendo quase que exatamente a mesma coisa que fazia na Gazeta do Povo, mas sem a parte do impresso e nem a das enguias1. Depois de oito meses parada, percebi que finalmente desacelerei e descansei. Parece que finalmente consegui enxergar a vida sem todo aquele estresse — coisa que nunca tinha conseguido antes, considerando qualquer uma das “férias” que tirei desde que me tornei uma trabalhadora assalariada.

E desde que me tornei uma trabalhadora assalariada, o último período de grande estresse para mim foi o mestrado, onde pesquisei sobre mulheres na ciência em geral e na computação em particular. Nas entrevistas que fiz para essa pesquisa, as gurias falavam muito que quando elas estavam tentando aprender a programar, às vezes chegavam nuns momentos de desespero. Até que dava o click: de algum modo o seu cérebro entra no Vórtice da Perspectiva Abstrata Total Necessária à Compreensão Daquele Problema de Lógica, você finalmente entende como funciona aquela máquina e porque você está conversando com ela daquele jeito tão esquisito.

Essa foto é tão linda! <3
Essa foto é tão linda! ♥

É bem verdade o que aquelas meninas doidas2 falaram: fazer programa dá dinheiro mesmo. Estou pagando minhas contas assim. Infelizmente — para o desconsolo da assombração que habita a cabecinha delas, é claro —, não é aquele tipo de programa, é outro.

Antigamente isso era coisa de mulher, depois virou coisa de nerdão que anda com a calculadora no bolso, e no futuro todo mundo vai precisar saber pelo menos o básico da lógica. Também está afim? Sugiro começar por aqui.


1. Piada interna. Não tente entender. Pelo amor do Altíssimo, não!

2. Não!

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3 Comments

  1. Você poderia indicar algumas leituras sobre a participação de mulheres na história da computação, ciência?

    Conheço alguns nomes importantes referentes a isso:
    Ada Lovelace, Grace Hopper, Margaret Hamilton, Frances Elizabeth Holberton, Jean Bartik, Kathleen Antonelli, Frances Spence e alguns outros.

    Tenho forte convicção de que vou me aventurar pelos caminhosos tortuosos da TI. Talvez seja loucura mesmo (por todos os motivos errados, acho que você sabe quais são).

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