Mansão do milionário Douglas Maldonado. Externa. Meio da tarde. DOUGLAS MALDONADO está sentado numa espreguiçadeira ao lado da piscina. Um cachorro preto brinca a seus pés com uma bola de borracha. Douglas Maldonado está pensativo, e suspira ruidosamente enquanto segura o queixo na mão direita. BRÁULIO entra em cena carregando uma bandeja.
BRÁULIO
Aqui está o chá que o senhor pediu, senhor Maldonado.
DOUGLAS MALDONADO
Obrigado, Bráulio. (Pegando a xícara da bandeja que Bráulio deixa sobre uma mesinha de jardim. Bráulio se posiciona a uma distância respeitosa de seu patrão) Fez o que lhe pedi para fazer?
BRÁULIO
Sim, senhor Maldonado. A essa hora a família de Paola Bracho já deve saber que ela está internada no hospital.
DOUGLAS MALDONADO
Quando Carlos Daniel ler a carta que lhe escrevi contando tudo o que aconteceu, é possível que venha atrás de mim pedir esclarecimentos e talvez faça um escândalo.
BRÁULIO
Não sei se acredito que isso é possível, senhor Maldonado. O senhor Carlos Daniel tem uma dívida de 2 milhões de dólares com o senhor, que a outra Paola Bracho emprestou para salvar a fábrica da família.
DOUGLAS MALDONADO
Tenho certeza de que isso pesará no julgamento dele, Bráulio. (Maldonado se levanta e fica de costas para o criado) Mas trata-se de uma questão de honra. Fui amante de sua esposa.
BRÁULIO
O que o senhor pretende fazer agora? Já internou a senhora em um bom hospital, com todas as despesas pagas, e já avisou a família…
DOUGLAS MALDONADO
Não sei, Bráulio. Não sei. Talvez seja melhor nós sairmos do país por um tempo, pelo menos até as coisas se acalmarem. Sabe, Bráulio (Maldonado se volta novamente para o empregado), durante muito tempo eu procurei o amor e fui incapaz de preencher o vazio em meu coração. Até que…
BRÁULIO
Até que a senhora Bracho, sob o nome de Noélia, conquistou o senhor.
DOUGLAS MALDONADO
Não, Bráulio. Não. Paola, ou Noélia, ou qualquer outro nome que venha a usar, foi um erro, uma paixão frívola. Quem realmente me ensinou o que é amar foi a outra, a outra Paola. Nunca a terei em meus braços, mas já não me importo. O que sinto por essa outra Paola (Maldonado torna a se sentar na espreguiçadeira, sem encarar Bráulio) é muito mais próximo de uma ternura, de uma amizade sincera.
BRÁULIO
Que bom que o senhor encontrou uma solução para o seu dilema, senhor Maldonado.
DOUGLAS MALDONADO
O pior é que não encontrei (Maldonado olha para Bráulio). Descobrir que meu coração abriga um outro amor, esse sim impossível.
BRÁULIO
Não estou entendendo, senhor Maldonado. O que quer dizer?
Maldonado se levanta, tenciona dar alguns passos na direção do mordomo, mas hesita.
DOUGLAS MALDONADO
Precisamos deixar o país imediatamente, Bráulio. Prepare tudo, devemos partir o mais rápido possível.
BRÁULIO
Mas é claro, senhor.
Bráulio começa a se retirar e Maldonado fica inquieto. Levanta-se, senta-se, anda de um lado para o outro; Maldonado não consegue conter a aflição. Termina por sentar-se outra vez e afaga a cabeça do cachorro.
DOUGLAS MALDONADO
Não consigo afogar o sentimento que carrego no peito. O que devo fazer? Uma Paola me mostrou o valor de uma amizade, mas com a outra aprendi que não se pode controlar o desejo. O que devo fazer?!
Bráulio retorna à cena, tão aflito quanto Douglas Maldonado.
BRÁULIO
Senhor, temo que não haverá meios de fugir dos seus problemas agora. O senhor Carlos Daniel Bracho está aqui e deseja vê-lo.
DOUGLAS MALDONADO
(Ensimesmado) Diga-lhe que não estou.
BRÁULIO
Já lhe disse!
CARLOS DANIEL entra em cena, apressado. Douglas Maldonado levanta-se.
CARLOS DANIEL
Eu sabia que estaria em casa! O que fez com a minha esposa? Ela não era nenhuma santa, mas não precisava devolvê-la praticamente morta! Eu não vou tolerar que, por ter emprestado os 2 milhões de dólares para tirar a fábrica Bracho da ruína, você se enxergue no direito de fazer mal a qualquer membro da minha família.
DOUGLAS MALDONADO
Boa tarde para você também, Carlos Daniel Bracho. Primeiramente, gostaria de perguntar se você sabe em que condições a sua esposa foi parar naquele hospital.
CARLOS DANIEL
Como é que eu vou saber? Você fugiu com ela. Você fez alguma coisa para a ferir, você é o culpado!
BRÁULIO
Senhor Douglas Maldonado, acho melhor eu me retirar.
DOUGLAS MALDONADO
Fique, Bráulio, fique. Preciso de uma testemunha para ouvir o que tenho a dizer agora, e ninguém melhor que o meu empregado mais fiel.
CARLOS DANIEL
Ainda ousa arriscar uma defesa? Você é mais vil do que eu imaginei. Combina perfeitamente com a Paola.
DOUGLAS MALDONADO
Então você sabe, Carlos Daniel, você sabe de todas as maldades e de todas as traições que Paola Bracho fez com você e com sua família debaixo do seu nariz? (Neste momento, Carlos Daniel dá as costas para Douglas Maldonado e aperta a mão num punho cerrado de raiva) Então você sabe que o que a levou àquela cama de hospital nada mais é que fruto da sua iniquidade?
CARLOS DANIEL
De fato, Paola não era uma esposa exemplar. Mas era realmente necessário fazer aquilo com ela? E o que você sabe que eu não sei?
DOUGLAS MALDONADO
O que sei, Carlos Daniel, é que a mulher deitada naquela cama de hospital não é a mesma que veio me pedir dinheiro para salvar os negócios da sua família.
BRÁULIO
Vai contar a ele, senhor Maldonado?
Carlos Daniel se volta para Douglas Maldonado parecendo confuso.
DOUGLAS MALDONADO
Preciso contar, Bráulio. Este pobre homem não tem culpa do que a esposa fez, mas tem a sorte de ter o amor da mulher mais valorosa que já conheci.
CARLOS DANIEL
Você também sabe sobre Paulina Martins?
DOUGLAS MALDONADO
É este então o nome da minha heroína: Paulina Martins. (Douglas Maldonado dá as costas para Carlos Daniel) Foi ela quem me tirou do poço da escuridão, e é a ela que devo a recuperação da minha saúde.
CARLOS DANIEL
Não ouse falar de Paulina!
DOUGLAS MALDONADO
(Voltando-se para Carlos Daniel) Quanto a isso não se preocupe, Carlos Daniel. O que sinto por ela é apenas gratidão eterna. Ela me fez ver onde eu estava errando e curou-me as feridas emocionais. Você tem a sorte de ter o amor dessa mulher.
Carlos Daniel dá as costas para Douglas Maldonado, reflexivo.
CARLOS DANIEL
Paulina me ama. Paulina me ama!
DOUGLAS MALDONADO
Ama, Carlos Daniel. E se eu fosse você, tomaria todas as providências para não deixá-la fugir.
Carlos Daniel deixa o recinto apressado enquanto Maldonado e Bráulio observam, surpresos. O milionário volta a sentar-se.
DOUGLAS MALDONADO
Bráulio, tomei uma decisão.
BRÁULIO
Decidiu para onde vamos, senhor?
DOUGLAS MALDONADO
Não, Bráulio. Decidi que não há mais tempo a perder. Você tem sido meu amigo fiel, meu companheiro e confidente. (Maldonado evita encarar Bráulio, levanta-se e caminha alguns passos ao longo da piscina, decidido, mas ainda um tanto inseguro) Bráulio, eu quero que você saiba… Que você saiba que… Bráulio, eu…
BRÁULIO
Está se sentindo bem, senhor Maldonado?
Douglas Maldonado se vira abruptamente, abrindo os braços em uma declaração calorosa.
DOUGLAS MALDONADO
Bráulio, não consigo mais esconder: eu te amo!
BRÁULIO
Mas senhor…
DOUGLAS MALDONADO
Acredite em mim, Bráulio! Há verdade nas minhas palavras. Só você esteve ao meu lado em todos os momentos, viu o que há de melhor e o que há de pior em mim, e pode me julgar com sinceridade. Eu te amo, Bráulio.
Durante alguns segundos nenhum dos dois fala nada. Um JARDINEIRO passa e os cumprimenta. Douglas Maldonado arrisca no assovio alguns poucos acordes de uma antiga e tradicional canção mexicana. Bráulio examina atentamente os próprios sapatos. O jardineiro finalmente vai embora.
BRÁULIO
Senhor, eu entendo que durante todos esses anos em que estive lhe servindo desenvolveu-se entre nós uma certa cumplicidade. Mas não acredito que…
DOUGLAS MALDONADO
Bráulio, não negue! Eu sei que você sente o mesmo, e mesmo que não sinta, você sabe muito bem que faria de tudo para tê-lo ao meu lado, assim como fiz com Paola. (Maldonado dá alguns passos em direção ao criado) O que preciso fazer para que você corresponda ao meu amor, Bráulio?
BRÁULIO
Senhor (Bráulio se afasta o mesmo número de passos que Douglas Maldonado deu em sua direção), não acho que isso seja apropriado…
DOUGLAS MALDONADO
Está decidido! Chame o motorista, estou indo agora mesmo no cartório mudar o meu testamento. Seus anos de serviço serão recompensados, Bráulio. Você vai me amar, você vai aprender a me amar, você vai ver! Mesmo porque todos os meus milhões não serão muito úteis aos meus cachorros, e não tenho mais ninguém a quem deixar todo esse dinheiro.
Bráulio está cabisbaixo, sem conseguir tirar os olhos do gramado e incapaz de encarar o patrão.
BRÁULIO
Senhor Maldonado…
DOUGLAS MALDONADO
Diga, Bráulio, as palavras que quero ouvir!
BRÁULIO
(Depois de certa hesitação) Acho que posso aprender a amar o senhor. Quer dizer, não deve ser muito diferente a mecânica da coisa toda. Talvez tenhamos que negociar algumas dessas coisas, mas na maior parte delas nós podemos conviver bem. É, acredito que já estou amando o senhor, senhor Maldonado.
DOUGLAS MALDONADO
Sem formalidades a partir de agora, Bráulio. (Douglas Maldonado se aproxima de Bráulio e segura as mãos dele nas suas) Para você agora sou apenas Douglas.
BRÁULIO
Ah, senhor Maldonado!
Os dois dão um beijo terno enquanto a câmera se afasta lentamente. Corta para os comerciais.
Sabia que ia rolar algo assim. Rs! Melhor fanfic ever!
O senhor Maldonado nunca me enganou, desde o início percebi que ele desejava Braulio, que esteve sempre de pé ao seu lado, pronto para realizar todos os desígnios de seu senhor.
Hahahaha, melhor fanfic que já li na VIDA. Por favor, faça mais fanfics dessa novela.