Essa semana foi meu aniversário de vinte e nove anos. É o último dos “vinte e”, e tá me assustando menos do que eu achava que ia assustar. Os últimos dez anos me fizeram muito bem, independente das cagadas que aconteceram pelo percurso. O progresso que fiz de 2006 para cá é, fazendo a comparação agora, a melhor parte da minha vida. Não sei se sou uma pessoa melhor, mas eu gosto muito mais disso aqui que daquilo lá.
Estou inaugurando neste exato momento a série “Textinhos para ler no celular“. São um conjunto de textinhos de curta e curtíssima metragem feitos para… er… ler no celular. Aprecie-os durante aquela engarrafada no trânsito naquele trajeto que você faria em meia hora, no máximo, de bike, e que você não faz porque é meio perigoso ou pode chegar fedendo no trabalho.
Li recentemente o livro da Aline Valek. “As Águas Vivas Não Sabem de Si” é lindo. Tem horas que você está lá lendo e pensa: “Aline, você é espetacular escrevendo, minha filha. Continua assim que você vai longe”. O problema do livro é que não me senti cativada por nenhum personagem — o que, se for pensar bem, não é um problema que invalida uma obra: existem vários ótimos livros com personagens nem tanto assim. O livro me foi oferecido pela Sharon, uma amiga de Pato Branco. Surgiu bem na hora que resolvi dar uma olhada no que o mercado editorial brasileiro anda lançando por aí além de Nova Literatura Fantástica Brasileira.
O espanhol é um idioma de ansiosos. Todos os tipos de ansiedade ficam muito bem representados em língua espanhola.
Estava lendo o El País e me deparei com uma palavra que fez tudo finalmente fazer sentido quando se trata de nomes estranhos de iguarias de se comer em feriados específicos: “rebanada” significa “fatia” em espanhol.
Tem uma galera que sugere o fim da previdência pública porque hoje as pessoas vivem mais que na época em que o conceito de aposentadoria foi criado — fins do século XIX por Otto Von Bismark. Acredito que provavelmente vou trabalhar até morrer dada minha classe social, e é exatamente por isso que quero ir para o magistério. Não é mais fácil, mas até agora tem sido bem legal. 🙂
“We tested the levels of the pH this morning. Only Pee, no H.” — SOUTH PARK. “Pee“. S13E14, 2009.
A segunda melhor parte do inverno é poder se embolar sob duas toneladas de cobertas e fingir que está de volta ao útero, aquele momento primordial em que nada em nossa vida era objeto de preocupação e você mal se dava conta de que existia. Nada pode se comparar em prazer diante disso. Nada.
Uma teoria de mulheres que fale que mulheres são subjugadas em função de seu papel na reprodução sexuada da espécie humana — cujas potencialidades têm sido sequestradas por uma ideologia que foi uma das responsáveis pela estruturação da sociedade tal como ela é hoje — não é feminismo radical. É só “feminismo”, mesmo.
O feminismo radical é a prova cabal de que resignificar palavras não dá certo nem garante que alguma coisa vai mudar na sociedade pelo simples ato de as pessoas pararem de usar certos termos ou trocar o significado de outros: “feminismo” foi um apelido de tom pejorativo empregado pelos jornalistas franceses para se referirem às mulheres que lutaram pelo sufrágio universal naquele país; e “radical” é um termo pejorativo usado para se referir às feministas queimadoras de sutiã dos anos 1960. Ambos os termos são usados para se referir a mulheres, essa persona indefinida mas circunscrita em um papel social bem específico, e que está ao alcance de qualquer um poder encarnar.
O problema de focar na linguagem é que ela é muito fácil de manobrar, se você for esperto.
Como sexo pode ser libertador para mulheres em uma sociedade em que ele próprio é ferramenta de dominação?